A famosa chaleira, perdão, o Alpine como dizem por aí. O que se passa naquela admissão de ar e o porque daquelas dimensões?
É na verdade um trade-off bastante simples, as equipas querem sempre alimentar o difusor e o fundo plano da melhor forma, o que lhes impede de uma total liberdade? O motor, essa coisa chata que precisa de arrefecimento, mesmo estando congelados continuam a aquecer (get it?)
Nas admissões de ar dos pontões e na superior estão radiadores, no caso da Alpine escolheram a superior como “principal”, e isso aumenta o volume da cobertura do motor já que está lá um radiador maior.
Isto permite-lhes reduzir o tamanho dos pontões e com isso o fluxo de ar tem maior liberdade para passar à sua volta, logo ganham a nível aerodinâmico, já que um fluxo maior gera mais carga
A laranja design de pontões mais largos
A verde o design actual
A azul – fluxo de ar
O trade-off é que o centro de massa sobe, e isso é mau, contudo a carga aerodinâmica que conseguem criar a mais mitiga este problema, já que quanto mais estreitos os pontões, mais carga na traseira consegue gerar o carro.
Portanto, a Alpine descobriu a pólvora?! Calma, não é bem assim, de facto aquela coisa dos carros precisarem de um motor é mesmo chata Comparamos o Alpine com o McLaren e o AlphaTauri Aqui sobrepostos da melhor forma possível está o Alpine e o AlphaTauri.
E aqui o McLaren e o Alpine
O McLaren até parece ter uns pontões mais estreitos… Na verdade a McLaren também utiliza em parte a abordagem da Alpine, por isso a diferença entre eles e os outros carros de motor Mercedes. De qualquer das formas não explica tudo, onde está essa suposta vantagem no Alpine???
O que podemos concluir é que o motor Renault continua com requerimentos de arrefecimento especificos, esta solução não é nova, mas foi levada ao extremo este ano, o próprio McLaren o ano passado tinha algumas semelhanças.
Portanto, porquê esta solução e não a mais convencional, a Alpine ganha com isto em relação a quem? Simples, ganha em relação a si própria, caso optassem pela solução convencional teriam uns pontões de tal forma largos que perderiam muita carga aerodinâmica.
Para visualizarmos isto, vejamos por exemplo o carro lado a lado com o Haas que tem uma admissão de ar superior pequena e é visível mesmo sem auxilio a qualquer ferramenta que tem pontões mais largos do que o Alpine.
Relembramos novamente que isolar aspectos aerodinâmicos não conta toda a história, apenas ajuda a perceber certas decisões das equipas no que toca ao desenvolvimento dos seus carros e os obtásculos que encontram para o fazer.
E para terminarmos, uma imagem de frente dos 3 carros em comparação para que possamos também ter uma ideia do perfil aerodinâmico de cada um deles, com os pontões delineados a amarelo.