May the fourth be with you, parece-nos a data ideal para analisarmos a nível técnico o novo Gen3 da Formula E. Com as suas parecenças com um star destroyer a inspirarem ainda mais esta análise.
Abordagem aerodinâmica
Ao contrário daquilo que vemos na Formula 1, a carenagem dos Formula E são spec, isto significa que não existe um regulamento aerodinâmico, no qual as equipas se focam para extrair performance.
A abordagem ao design é bastante diferente, sendo os carros pensados para terem pouco atrito e pouca resistência ao ar.
Algo importante quando se quer optimizar a eficiência energética.
Isto é evidente quando olhamos para o design praticamente triangular ao estilo do Star Destroyer.
O fluxo é encaminhado desde a frente do carro passando à volta das rodas traseiras, de forma a mitigar o arrasto criado por estas.
The pathway to the diffuser, is an ability some consider to be, unnatural
Ainda na imagem acima, vemos delineados os espelhos e o fundo plano.
Parece ter havido bastante cuidado para tornar os espelhos na menor barreira possível ao caminho dos fluxos aerodinâmicos, e parece ajudar a que estes se mantenham junto das superficies superiores, até porque é importante manter um fluxo laminar nesta zona (ar limpo).
Já o fundo delimita a parte superior e inferior, criando um diferencial de pressão, importante para criar carga, mas de forma pouco prejudicial para o arrasto do carro.
Visto de lado, ainda mais evidências da abordagem aerodinâmica. A asa da frente com as endplates diagonais, servem para reduzir o impacto das rodas dianteiras, mas mantendo ainda assim o conceito open-wheel, muito mais vincado em comparação com o Gen2.
Interessante também a ligação ao nariz do carro feita com pilares muito juntos, e uma silhueta a promover a passagem do fluxo por baixo do nariz, limpando assim a esteira na zona inferior da estrutura de impacto.
A vermelho podemos ver também o cuidao com a gestão do fluxo superior, obrigando-o a passar por cima das rodas traseiras, mais um vez, reduzindo o seu impacto no atrito gerado.
Detalhe das jantes também, embora não sejam completamente fechadas, ajudam à não intrusão do ar, isto reduz também arrasto.
Fighter wing
Ainda na asa da frente, vemos os seus dois perfis, os quais são importantes na gestão de fluxos.
O superior parece ter como função minimizar o impacto dos tirantes da suspensão, encaminhado os fluxos por cima destes. Isto reduz a possível barreira ao ar criada por estes tirantes.
No inferior, vemos a laranja na imagem abaixo, um dos pontos onde as equipas podem trabalhar a nível de setup. Aqui aumentan ou diminuiem a carga gerada pela asa dianteira.
No roll-up (laranja) vemos as entradas para refrigeração e mais atrás uma pequena sharkfin.
Esta servirá para ordenar os fluxos na parte traseira, e recebe ajuda das aberturas daquilo que estamos habituados a chamar “cobertura de motor”.
Reparem nos fluxos a verde na parte superior.
Tudo isto encaminha o ar para a asa traseira, a qual está montada (delineada a vermelho), muito baixa, mais uma forma de reduzir atrito. Esta servirá mais como ajuda ao difusor no escomaneto dos fluxos que passam por baixo do carro.
Difusor X-Wing
O difusor é muito menos “show-off” em comparação com o anterior, parece agora desenhado com conta, peso e medida.
Boa parte da carga aerodinâmica será gerada aqui, algo fundamental para este tipo de carro, há menor penalização no que toca ao arrasto, mas mais importante, menos ar sujo para os carros perseguidores.
Nota-se também o cuidado de proteger o fluxo das perturbações criadas pelas rodas traseiras, seja na parte inferior pelo difusor, assim como na parte superior com as asas diagonais.
Sem dúvida a fazer lembrar os X-Wings
O tamanho importa
Quem o diz é a Formula E, estes carros estão especificamente pensados para circuitos citadinos, dizem mesmo ser os primeiros monolugares pensados exclusicamente para corridas em citadinos…
…Ok, e o Gen1 e 2?
Ewoks!
Pequeninos, fofinhos, mas não se deixem enganar.
As dimensões dos Formula E foram reduzidas, tudo num esforço de melhorar as corridas (não são a única Formula que pode melhorar através desta abordagem).
O Gen3 tem agora pouco mais de 5 metros de comprimento, 1.023 metros de altura e 1.7 metros de largura.
UNLIMITED POWER!
Deixamos a lua de Endor para percebermos de onde vem a força deste Gen3.
Ok, Unlimited talvez seja um exagero, e este Gen3 não passa no sempre apertado crivo do Imperador Palpetine.
Mas tem coisas muito interessantes ainda assim.
The force is strong with this one
470 cavalos, regeneração máxima de 600kW, 40% de regeneração obtida pelos dois eixos, 95% de rendimento energético e 320km/h de velocidade máxima.
Este Gen3 já se torna num brinquedo muito engraçado, para além disto é mais leve, 840kg (com piloto incluído!).
E, quiçá o mais interessante, não tem travões traseiros!
Don’t underestimate the Force
Sim, é verdade, não tem travões traseiros.
Não para graças à Força, ou pelo menos não para graças a essa “Força”.
O Gen3 faz uso do motor elétrico do eixo traseiro para regenerar, mas levam esta abordagem ao expoente permitido pela tecnologia.
Para o eixo traseiro travar, trava o motor, até porque este está ligado directamente às rodas motrizes.
Isto permite ao Gen3 conseguir um grande rendimento de regeneração energética. Para além disto reduz custo associados aos travões.
Diminui também a massa não suspensa, o que facilita o trabalho da suspensão.
Não se admirem se começarmos a ver esta abordagem em carros de estrada.
I am a Jedi. I’m one with the Force, and the Force will guide me
E concluímos assim a nossa análise a este novo Gen3 da Formula E, uma proposta no nosso entender bastante mais interessante do que o monolugar atual.
Não só a nível de performance, mas toda a abordagem faz mais sentido, menos show-off, mais lógica, mais tecnologia.
Continuamos a ter a sensação agridoce de que os componentes da unidade motriz sejam em boa parte standard, queríamos ver evolução aqui, deixando apenas a abordagem aerodinâmica igual para todo o pelotão.
É giro? Bom, gostos não se discutem, preferimos olhar para ele com um propósito, um de nós gosta, o outro nem por isso, mas ambos gostamos do facto de se notar muito mais o pensamento por detrás do design.