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ANÁLISE: Porque se soltaram as rodas do VF22?

Para iniciarmos este análise precisamos de vos apresentar, caso não conheçam, os wheel tethers.

São na verdade cordas, com origem na industria marítima, fabricadas de polybenzoaoxide, é um nome demasiado formal para quem quer ser íntimo com estes dispositivos, por isso, chamemos-lhe zylon.

Zylon é um material bastante resistente e se for processado da forma correta é possível fabricar cordas muito resistentes. Como as cordas que se podem ver agarradas aos barcos.

Pensavam que eram feitas de teias do homem aranha? pufff

Voltemos aos wheel tethers, ou, cordas de Zylon, como preferirem. Estão ancorados ao carro na monocoque e também ao hub da roda dos Formulas.

O hub é onde se encontram os travões do carro, onde se montam as suspensões, os dutos dos travões, etc, podem vê-lo aqui:

Atualmente são ligeiramente diferentes, mas esta foto é-vos familiar concerteza

E podemos ver o local onde estão montados aqui:

Wheel tethers montados na monocoque

Para que servem?

São responsáveis por manterem as rodas agarradas ao carro, evitando assim que se percam pela pista em caso de acidente, o qual pode original uma situação potencialmente prigosa (sim, é um erro, foi deixado por promessa ok?) com rodas a atravessarem-se à frente de outros carros.

Isto era comum antes da introdução dos wheel tethers, os carros eram feitos para performance, e as suspensões em caso de impacto facilmente partiam, levando consigo o hub em conjunto com as rodas.

Bono, my wheels are gone

Com a sua introdução, este problema desapareceu quase por completo, e quando vemos um carro com as rodas penduradas até dá um certo ar de cartoon. Aqui podemos ver, a rosa, os wheel tethers, expostos (são colocados depois dentro dos tirantes da suspensão):

Wheel tethers

E aqui a desempenharem o seu papel na perfeição:

Verstappen deixou o Toro Rosso de rodas penduradas (ahahah get it? Ok, não tem assim tanta piada)

Portanto, no acidente do Mick, falharam?

Não! O problema dos wheel tethers, é principalmente o nome, a parte do wheel se somos mais concretos, talvez hub tethers fosse melhor descrição.

Na verdade, os wheel tethers não estão agarrados às rodas (wheels), até porque para isso acontecer seria preciso um “rotary union”, basicamente um componente com capacidade de quebrar a rotação das rodas para ser possível fixá-los na monocoque. Isto iria enfraquecer bastante os wheel tethers, possívelmente tornando-os ínuteis.

Ah, o outro detalhe, depois não era possível fazer pit-stops. convenhamos, era um bocadinho chato.

No acidente do Mick, apesar de termos visto duas rodas a passearem alegremente por Jiddah, quase tão alegramente como mísseis terra-ar, os wheel tethers desempenharam a sua função.

Mas vejamos esta imagem para precebermos:

Deve ter doído esta

Vamos olhar primeiro para a roda dentro do círculo verde. Ainda está lá a jante, alías podemos ver as espetaculares jantes de 18” da BBS. O que se separou do carro foi apenas o pneu e o tampão, estes representam um risco bastante menor do que perder todo o conjunto.

No entanto, dentro do círculo amarelo não temos a roda, apenas o hub. Mas como vimos antes, os tethers estão montados aqui e não na roda. Esta é a melhor forma de garantir a funcionalidade e consegue prevenir a maior parte das vezes a perda de rodas.

O motivo pelo qual a roda se perdeu

O impacto foi de tal forma grande e no ângulo perfeito para partir a porca da jante, a roda ficou livre e seguiu a sua vida feliz e independente.

Estas porcas são capazes de aguentar impactos enormes, mas não são de ferro…whait…são de alumínio…esqueçam, vocês perceberam

Tal como vimos, os wheel tethers funcionam e funcionaram no casso do Mick, mantendo os hubs agarrados ao carro, no entanto, num impacto tão forte como este, é possível que se percam rodas, ainda assim, uma vez que o hub fica para trás, a massa perdida é bastante menor, e como tal menos perigosa.

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