Alexander Albon surpreendou toda a gente com um stint magnífico de 57 voltas no Grande Prémio da Austrália para resgatar o último ponto disponível.
Mas na realidade, quão bom foi o stint e qual foi o ponto fulcral para a Williams conseguir o seu primeiro ponto da temporada?
Caído do céu?
É fácil pensar assim quando se olha simplesmente à classificação da corrida, mas a verdade é que Albon desde o ínicio da prova que fez apenas e só uma coisa: recuperar lugares.
Isso mesmo, mesmo em pista, com carros de pneu novo atrás de si, o piloto da Williams só perdeu posições em apenas duas ocasiões: uma vez em pista para Lance Stroll e quando foi às boxes na volta 57.
Reparamos neste dado a preparar este artigo, tivemos de confirmar no live-timing, fomos confirmar a outros sites. É simplesmente fantástico, e não foi por ser dificil ultrapassar, foi pelo facto de conseguir manter o ritmo de todos os demais!
No ínicio da prova, o seu estratega dizia-lhe “simulações de corrida apontam para um 19º lugar”.
C2 e Williams, uma história de amor
O FW44 pode ter muitos defeitos, mas pelo menos a sua relação com o seu pneu C2 já colheu frutos. Foi um dos factores a ajudar nessa conquista.
Foram 30 voltas de qualificação, segundo Albon, para conseguir a tão desejada 10ª posição e para isso era fundamental ter pneu para as fazer. O pneu duro no GP da Austrália era precisamente esse pneu para a Williams. E Albon retirou todo o rendimento, quiçá mais algum, dessa combinação.
O resultado está à vista, um stint íncrivel de ínicio ao fim.
O momento fulcral, não ceder à tentação
Volta 38, Max Verstappen abandona com problema no seu Red Bull, Alonso, Magnussen e Albon estão na mesma estratégia, todos arrancaram de duros, estão a 20 voltas do final, é a oportunidade perfeita para parar e serem pouco penalizados.

Assim pensou a Alpine e a Haas, Alonso e Magnussen mergulham para as boxes. Ambos caem para o final do pelotão mas ficam perto dos carros imediatamente à sua frente, é hora de atacar.
Albon e a Williams mantên-se em pista. Esperam por novo SC?
Os pilotos da Alpine e Haas começam a atacar, estão agora bastante mais rápidos em comparação com os carros que perseguem, até que…graining. Tanto um como outro perdem rendimento. O ataque esmurece, Magnussen ainda consegue de certa forma estabilizar e só perde um lugar para o colega de equipa, termina 14º.
Alonso vê-se obrigado a parar de novo tal o estado dos seus pneus, acaba em último!
Albon é 10º a cortar a meta.
O stint de uma vida
Era preciso fazer funcionar a estratégia apesar desse precalço, embora tanto o VSC como o SC tinham ajudado numa coisa: baixar a temperatura dos pneus traseiros e assim permitir presevar a sua vida ainda mais.
Mas arriscamos na mesma, metemos as mãos no fogo, sem SC e sem VSC, Albon acabava atrás dos McLaren!
Era essa aliás a posição na qual seguia quando parou na volta 57. Comparando o seu ritmo com Zhou (11º) e Ocon (7º logo atrás dos McLaren) podemos ver que durante a prova Albon foi mais rápido do que ambos. A comparação com Zhou é clara, com Ocon sobretudo a partir da volta 41 é íncrivel ver o ritmo imposto mesmo com pneus vindos desde o ínicio da corrida (Ocon para à volta 17 para duros).

Certo que Stroll deu uma ajuda, o piloto da Aston Martin na busca de manter posição e ficar dentro da janela de paragem de Albon foi de cotovelos abertos. Mérito também ao Canadiano, naquele trator conseguir segurar vários pilotos mais rápidos atrás de si.
Curioso também, a volta mais rápida de Albon é mais lenta em comparação, mas a consistência dos seus tempos é extraordinária.

A fase final de corrida de Albon é de tal forma boa, que por vezes chegou a rodar ao ritmo dos Mercedes, e muitas vezes a par dos McLaren.

Mas haviam dois Williams de C2 certo?
Bom, é uma comparação que nem parece justa, Latifi nem se viu, nem se ouviu, só não terminou em último pela má gestão de pneus de Alonso, o qual fez uma paragem extra nas boxes. Ritmo? Inexistente. Rasgos de velocidade? Nem ver. Mas certamente há uma explicação para tamanha diferença, não pode ser apenas e só piloto.
A desclassificação acabou por ser amiga de Albon, a Williams mudou o setup do seu carro, e isto permitiu-lhe ter uma ferramenta extra para fazer aquele enorme stint.
A volta mais rápida de Latifi é 1.3s mais lenta do que Albon, e não, a de Albon não foi com aquele jogo de macios na última volta. É surreal, mesmo com as diferenças de setup.

É um ponto, numa corrida, mas é extraordinária, não fugirá muito da verdade dizer: Esta foi a melhor corrida de Alexander Albon na Formula 1. É uma exibição que se fosse para a vitória seria imortalizada.
Mais destas Alex, por favor, sublime!