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Haas VF-22: o que vimos afinal?

Sem ninguém estar propriamente a contar, a Haas apresentou ontem o VF-22. Num anuncio nas redes sociais ontem a Haas dizia que iam mostrar já nesta sexta-feira o VF-22 mas diziam também que era o “livery reveal”. Com base nisso e com toda a gente a esconder o jogo o que esperávamos ver era apenas o concept apresentado pela Fórmula 1 o ano passado na livery 2022 da Haas mas… não foi bem isso.

Na verdade, o que vimos estava mais perto de ser a livery do ano passado no carro novo ao contrário do que pensávamos. Apesar da mudança drástica nos regulamentos e de um 2021 para esquecer, a equipa americana acaba por manter a decoração alusiva à Mother Russia e com a UralKali da família Mazepin em destaque. Ainda assim, alguns retoques na pintura, um design ainda mais simples mas uma evolução sólida, na nossa opinião, neste particular.

Quanto ao carro propriamente dito, vimos apenas um render. Estas imagens digitais eram baseadas em quê? No carro do ano passado? Decididamente não. No concept da F1? Surpreendentemente parece que não. O VF-22 propriamente dito? Também não será bem assim… À falta de dados mais concretos, vamos acreditar no que disse Gunther Steiner: é um render de uma fase inicial de desenvolvimento do VF-22. Ou seja, a ser verdade, não é exactamente este o carro que vamos ver no Bahrein em Março mas o conceito geral não deverá fugir muito disto.

E o que é que conseguimos ver aqui? Para além da bandeira da Rússia, pouca coisa para já mas há alguns detalhes a apontarem para a o que foi dito por Steiner. Os espelhos retrovisores são um deles. Muito trabalhados, arriscamos mesmo dizer, demasiado trabalhados para um simples boneco. A Haas dá-nos um cheirinho mas ficamos curiosos o que saíra das restantes equipas neste particular.

Interessante também o design dos sidepods, a confirmar a utilização de sidepods com efeito downwash como tinha sido especulado neste interessantíssimo artigo. Tal como referido, nenhum dos protótipos mostrados pela Fórmula 1 utilizava essa solução, reforçando a possibilidade de este boneco ser mesmo um Haas embrionário.

Já que falamos de sidepods, é interessante verificar uma dieta à base de hidratos do Haas, comeu demais durante o Inverno e ficou balofo nessa zona. As gordurinhas localizadas. Quem nunca? Bem, mas dizíamos, o render mostrado surpreende pela largura dos sidepods, vão ali à largura máxima do regulamento. Por outro lado, e como se vê facilmente nesta comparação com o carro de 2021, a traseira surpreende também por ser tão fina o, isto pode indiciar duas coisas: os sidepods ficaram tão largos para terem espaço para acolher os radiadores (algo semelhante à Merceds) e também que a Ferrari fez um trabalho notável no packaging do motor. Convém não esquecer, o VF-22 é primo directo do F1-75. Curiosos para saber se a Ferrari vai mesmo mostrar uma solução semelhante.

Dois outros detalhes deixam-nos intrigados com estes sidepods:

Primeiro, estão diretamente na esteira das rodas dianteiras sem qualquer proteção aparente, isso deveria prejudicar a aderência do fluxo aos mesmos (efeito coanda putos), retirando eficácia à zona coke-bottle, por muito acentuada que seja.

Segundo, e esta contraria a primeira, poderão estar a utilizar vórtices nas pontas da asa dianteira, guiá-los pelos tampões, e estes mesmo vórtices garantem a adesão do fluxo nos sidepods, contrariando assim o efeito do seu posicionamento na esteira das rodas dianteiras?

Obviamente, estamos a olhar para um boneco, mas sendo a maior mudança de regulamento da história da F1 a nível aerodinâmico, perdoem-nos o entusiasmo e as largas à imaginação.

Olhando um bocadinho para a frente, vamos começar por relembrar o que dissemos quando especulámos como seriam os carros de 2022:

(..)há espaço para que a zona central da asa seja ligeiramente levantada, permitindo que o carro tenha uma maior quantidade de ar a alimentar a zona inferior da asa dianteira (fãs do Jordan 191 estão a suar neste momento). Eventualmente até estender a ponta do nariz para além dos perfis da asa, quiçá se consiga orientar melhor o fluxo, fazendo com que seja o primeiro ponto de contacto do carro, guiando através das superfícies e assim minimizando os problemas na esteira da estrutura de impacto e dos perfis da asa. Isto também nos leva a acreditar num design de nariz fino e não o bico de pato da maquete, embora o bico de pato possa gerar mais carga aerodinâmica.

Temos então a zona central da asa elevada conforme previsto. No entanto, o nariz não saiu fino e prolongado como previmos mas curto e largo. Talvez a Haas acredite que consiga gerar mais carga aerodinâmica com esta solução? Bem, seja como for, se há elementos diferenciadores em todos eles. certamente as asas estão nesse lote, não sendo por isso a Haas excepção à regra.

 

Ainda na frente, há espaço para uns Easter Eggs. Muito se tem especulado, os carros de 2022 podem adoptar uma arquitectura do tipo pullrod em vez das pushrod a nível das suspensões dianteiras, as quais temos visto nos últimos anos, por isso não deixou de causar alguma surpresa quando vimos o VF-22 equipado com uma suspensão pushrod. A surpresa é maior ainda quando já existem fortes indícios de que o primo de Maranello irá mesmo utilizar uma suspensão pullrod. Mas teremos visto mesmo um carro equipado com suspensão pushrod? Puxando dos galões do melhor CSI existente em nós, fizemos zoom naquela suspensão e há ali qualquer coisa que não bate certo. Vemos as ligações dos tirantes ao nariz estão correctas e detalhadamente representadas, como seria de esperar de um modelo real, mas há ali um tirante, precisamente aquele que deveria estar ligado noutro sítio completamente diferente, que parece um corta e cose feito à pressa e sem grande cuidado.

Foi uma boa tentativa mas não nos convence. Esperamos ver o VF-22 no Bahrein com uma suspensão pullrod. Aliás, face ao que se vem sabendo, nesta altura já esperamos mesmo ver toda a gente com pullrods (venham cá atirar-nos isto à casa se não acontecer, nós merecemos).

 

Por último, uma vista de olhos na traseira. Propositado ou não, é talvez a secção do carro onde menos conseguimos ver mas há ali um detalhe curioso a chamar à atenção: a saída do escape. Pode ser simplesmente ilusão de óptica mas colocando lado a lado com o VF-21 parece colocado numa posição extrema e mais próximo ainda da saída do difusor. Tentativa de aquecer o fluxo à saída do difusor e com isso acelerar a velocidade do mesmo e ganhar mais carga? Ou seja maximizar o sopro no difusor? Além disso, recorde-se que Romain Grosjean quando saiu da Haas se queixou que a suspensão traseira aquecia (sim, a suspensão aquecia) e tornava o carro absolutamente imprevisível e impossível de guiar e afinar. Estará relaccionado de alguma forma com alguma tentativa de retirar calor daquela zona?

Por fim, já que falamos de difusor, vamos outra vez ao nosso kit de CSI, enhance, enhance e vamos tentar perceber se há alguma coisa que se veja aqui. Com o brilho no máximo, chama a atenção o encandeamento ao lermos isto num telemóvel em máximo brilho, isso e o formato praticamente rectangular do difusor. No concept, recorde-se, tínhamos um difusor um pouco mais arredondado embora a diferença de facto não seja imensa. Será o interesse aqui, simplesmente ter o maior volume possível disponível para escoar o ar ou simplesmente meteram uma caixa genérica para esconder o jogo até ao Bahrein? É um palpite mas acreditamos mais na segunda hipótese.

Venha o próximo agora. Interessante, a Haas não foi pela lei do menor esforço e não se limitou a mostrar o concept da F1 com a livery deste ano mas estamos muito curiosos para ver o quão diferente o VF-22 será efectivamente do render mostrado. Certamente há aqui muita coisa a mudar e muito, muita coisa que não vimos mas acreditamos estar aqui a base do carro com o qual a Haas vai disputar o Mundial de Fórmula 1 de 2022.

 

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