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ANÁLISE: Newey, quantas abordagens aero queres? – Sim!

 

Um cocktail de aerodinâmica

O RB18 não consegue passar despercebido, a quantidade de detalhes é impressionante, é agressivo, detalhado, trabalhado, olha-se para o RB18 e nota-se, vem para a luta!

Newey e a sua equipa não pouparam esforços. Todos os detalhes cuidadosamente esmiuçados, sortirá efeito esta abordagem quase obsessiva?

Adjetivo perfeito para este RB18, obsessivo!

Suspensão e asa

Temos nova suspensão pull-rod! Como já havíamos referido, esta geometria para nós faz sentido. Retiram o braço da esteira da asa abrindo um caminho para os túneis e sidepods um pouco mais desimpedido. São duas equipas com este estilo de suspensão, será significativo?

Aqui no RB18 temos um detalhe curioso, vemos na imagem a suspensão geometria pull-rod, a laranja, mas se repararem, o tirante do triângulo superior está ligeiramente descaído, a verde lima. Porquê?

Boa pergunta, se tivéssemos o número do Newey era das primeiras coisas a perguntar. Como não temos, só podemos tentar adivinhar. Parece-nos que estão a utilizar esse tirante como forma de preparar os fluxo para os pontões e parte superior do fundo. Literalmente um aileron Matias, uma fatia para um lado, outra fatia para o outro.

A asa, semelhante ao que já vimos, levantada, com nariz a terminar no penúltimo perfil. Claramente a privilegiar a alimentação dos tuneis de Venturi.

Será que dá beijinhos?

O RB18 tem um lábio, será que é para namorar?

Este curioso detalhe delineado a amarelo na imagem abaixo funciona como uma extensão do sidepod, permite separar o fluxo da admissão de ar do fluxo que segue para a parte superior do fundo o mais cedo possível. Isto permite, através do efeito coanda (já sabem o que é certo?) acelerar esse ar mais rápido, conduzi-lo pelos pontões até ao difusor e gerando assim carga.

Ainda na mesma imagem podemos ver um pequeno recorte no fundo, falaremos mais à frente, e a seta vermelha aponta para algo, quiçá interessante.

Ora, já devem ter visto muita fibra de carbono se acompanham a F1, conseguem ver aquele padrão quadriculado característico, esta zona no entanto tem uma cor e um padrão diferente.

As peças em fibra de carbono são fabricadas de forma bastante simples, coloca-se uma folha de fibra, depois uma resina (epoxy), depois outra folha, depois resina, e assim sucessivamente. Vácuo para espalmar tudo e vai ao forno até estar pronto (sim, isto é literal, vai mesmo ao forno).

Neste caso parece-nos outra técnica de trabalha a fibra, quiçá partem de um bloco criado da forma descrita anteriormente e depois é maquinado (com uma CNC…ok, não sabemos explicar melhor, talvez uma pesquisa no google ajude se não souberem o que é) ou até forjada. Forjar alguma coisa é dar-lhe marteladas até chegar à forma que queremos. Mas imaginem um martelo de tecnologia de ponta.

Intrínseco, mas belo

Difícil até escolher por onde começar, mas vamos às aletas delineadas a amarelo e ao fundo.

Dupla aleta na entrada dos Venturi. Uma solução engenhosa para se garantir a criação de um vórtice (azul picotado), protege o fluxo nos pontões e impede que se dissipe, guiando-o até ao difusor.

Depois, novamente o recorte no fundo mencionado anteriormente, mais uma proteção, ajuda a selar também com a criação de outro vórtice. Já sabem se está a selar, impede fugas, logo, maior efeito de solo.

Reparem também na quantidade de fundo exposto, fruto de uns pontões agressivamente esculpido (porra, que poetas). A azul o caminho percorrido pelo fluxo.

Espelhos! A verde, mais defletores a impedirem a separação do ar (a rosa) na parte de cima dos pontões.

E a laranja no halo, mais defletores! Aqui a trabalharem com o fluxo da cobertura do motor, o qual tem como destino a beam wing.

De lado é impressionante o quão pequenos são estes pontões do RB18, parecem quase impossíveis.

Mas… é larguinho!

Pois é! Daí o título deste artigo, o RB18 optimiza o fluxo por baixo dos pontões, criando um grande espaço para uma grande quantidade de ar, tal como carros mais estreitos.

Utiliza no entanto os pontões, pequenos, mas suficientes para tornar o carro numa outra asa, tal como os carros mais largos.

Ainda tem efeito downwash nos pontões, tal como os carros sem undercut por baixo dos mesmos.

Vejamos alguns exemplos:

Mercedes: pontões estreitos e downwash, mas sem a capacidade de criar carga com os pontões (isto exagerando claro).

Aston martin: pontões largos para gerar carga no undercut, não faz downwash, e o volume de ar lateral mais baixo.

Ferrari: pontões largos, downwash, mas baixo volume por baixo dos pontões

RedBull: todos os anteriores.

Isto não significa, tenham calma, que vai sair daqui canhão, como se comporta o motor, a suspensão, estão de facto os Venturi a ser bem alimentados, os vórtices funcionam, etc etc.

E ainda bufa?!

É verdade, mesmo até na parte traseira nota-se um trabalho notável.

Para começar vemos que a cobertura do motor abre (a amarelo) para soprar a beam wing, e depois esta é toda uma obra de arte.

Reparem nas linhas a laranja.

É uma extensão autêntica do difusor, soprada pela cobertura do motor, puxa o fluxo por baixo do carro para ajudar no seu escoamento.

Uma peça tão simples mas espetacular.

Depois a sua direção aponta ao perfil superior da asa traseira, mais uma ajuda a criar carga aerodinâmica neste componente.

Raisparta, fizeram-nos esperar, não te perdoamos Newey, mas que isto está giro? Lá isso está!

 

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