O WRC abraçou a tecnologia hibrida para a nova era do Campeonato do Mundo de Rally. Os Rally 1 têm-se mostrado espetaculares nestas duas provas iniciais do mundial, pela velocidade, e no nosso entender pela beleza também.
Portanto decidimos espreitar por baixo da pele, o que escondem estas novas máquinas.
Disclaimer: O Bandeira Amarela repudia todos os atos de crueldade e violência para com os animais, nenhum Puma foi ferido durante a redação deste artigo
Comecemos pela caixa negra, não é a dos aviões, até porque essa é cor de laranja, é outra.
Vejamos aqui:
O que é perguntais vós.
Trata-se da componente elétrica do sistema hibrido dos Rally 1, uma bateria de 3.9 kWh a alimentar um motor elétrico de 100 kW (cerca de 134 cavalos).
Estes componentes são standard, uma palavra pela qual não morremos propriamente de amores, e na nossa opinião acabam por trazer um problema indesejado, as equipas têm alguém a quem apontar o dedo, num componente tão vital, talvez fosse de evitar.
Obviamente, não podemos descurar o aspeto financeiro desta situação, e a pergunta levanta-se, quais destas equipas estaria disposta a desenvolver o seu sistema híbrido?
Funcionamento do sistema híbrido
O funcionamento do sistema é bastante simples, temos um motor elétrico diretamente ligado à mesma transmissão do motor a combustão, um 4 cilindros de 1600cc, em conjunto são capazes de mais de 500 cavalos, mais os burros que vão lá dentro (eheheheheh).
Os pilotos para utilizarem a potência elétrica têm 3 mapas distintos selecionados pelas equipas, os quais variam nos seus parâmetros, e ao longo do traçado podem voltar a utilizar o boost quando consigam atingir uma quantidade de regeneração mínima (30 kilojoules). Importante, os pilotos têm de usar os sistema elétrico!
A regeneração é feita através de tecnologia já conhecida, quando os pilotos travam ou fazem lift and coast, essa energia é reaproveitada para recarregar as baterias.
Sustentabilidade e segurança
O apelo à sustentabilidade é óbvio, o desporto motorizado sempre foi o caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias, e tal como temos dito, parece-nos lógico que o caminho para a mobilidade sustentável seja feito a par do mesmo.
Isto não é só evidente no recurso a um sistema híbrido e a respetiva componente elétrica, mas também no combustível utilizado por estes Rally1. 100% com origem sustentável e nem uma gota de combustíveis fósseis.
A ajudar a passar a mensagem estão também uma série de procedimentos, a unidade elétrica permite a estes carros percorrerem 20km sem utilizarem o motor a combustão, assim sendo, e de acordo com a organização de cada evento, algumas ligações serão efetuadas com recurso apenas à energia disponível nas baterias, posteriormente, antes do início das especiais os carro são carregados na assistência.
A segurança foi outros dos aspetos melhorados para a nova época, não só para proteção dos pilotos, mas também para proteção dos componentes elétricos.
O novo chassis tubular é capaz de suportar cargas até 70g, ou seja, 70 vezes a aceleração da gravidade (9.8 m/s2). Isto é de extrema importância, pois danos na componente híbrida podem colocar em causa a segurança dos pilotos e não só.
Aos amantes dos rally, caso tenham a oportunidade de presenciar algum nesta nova era, tomem em atenção ao sistema luminoso do carro, caso vejam uma luz vermelha afastem-se! Isto significa que o carro não está seguro, e por isso não devem prestar auxílio.
A comprovar a segurança destes carros, deixamos o chassis de Adrien Fourmaux após o acidente no Rally de Monte Carlo.
Estas mudanças têm um senão, e todos sabemos hoje em dia o que significa mais segurança e mais performance, sobretudo quando esta advém de componentes elétricas, aumenta o peso. Todos uns 70kg neste caso.
Mas dada a justificação para esse aumento, aceita-se facilmente.
Aerodinâmica
Mais simples! A FIA aponta a uma redução de 15%, o intuito passa por baixar a velocidade em curva e tornar os carros um pouco mais difíceis de domar (outras medidas inclusive foram implementadas neste sentido).
Dará para vermos estas alterações? Olhemos ao Toyota:
Em cima 2021, e em baixo 2022, o que se vê:
Perde-se logo duas asas na zona frontal, uma à frente do guarda lamas e outra por cima.
No guarda lamas traseiro, menos trabalho e não apresenta aquela ligeira curvatura, a qual tem como efeito gerar carga.
E a asa, bem mais simples relativamente ao ano passado.
Mas o engenho sempre vem ao de cima. Não podemos ter asas? Ok, temos espelhos, por isso é preciso aproveitá-los. Reparem no espelho retrovisor do Toyota Yaris para 2022.
Para terminar
- Diferenciais mais simples.
- Nova construção de pneus (lel Pirelli).
- Travões de 300mm para asfalto e 370mm para gravilha.
- Caixas de velocidades mecânicas em detrimento das eletrónicas.